Sobre a dor crônica
- Naila Ribeiro
- 2 de jul. de 2024
- 3 min de leitura
A DOR é uma experiência pessoal que é influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais.
Através das suas experiências de vida, as pessoas aprendem o conceito de dor, e o relato de uma pessoa que a sente deve ser sempre respeitado. A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) define a DOR como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial”. (Associação Internacional para o Estudo da Dor | IASP (iasp-pain.org). Ou seja, a dor nada mais é que um mecanismo de proteção do corpo, servindo como um aviso de algo que não se encontra nos padrões de normalidade; é ela que nos avisa quando nosso organismo está em risco.
Do ponto de vista de tempo de duração, a dor é classificada em:
Dor Aguda (com duração menor de 3 meses)
Dor Crônica (com duração maior de 3 meses)
Considerada um problema de saúde pública mundial, que pode levar ao estresse físico e emocional, além de gerar altos custos financeiros e sociais para a população, a dor, quando se torna crônica, pode virar um causador de morbidade, falta ao trabalho e incapacidade funcional temporária ou permanente, bem como provocar queda importante na qualidade de vida.
Existem 3 tipos de dores: Dor Nociceptiva, Dor Neuropática e Dor Nociplástica.
A Dor Nociceptiva é aquela que está relacionada a danos no organismo, ou seja, lesões na pele, nos músculos, nas articulações e órgãos internos. Pode se tornar crônica quando a tal lesão não for curada.
A Dor Neuropática, por sua vez, é aquela causada por alguma lesão ou doença que atinge o sistema nervoso central ou periférico, ou seja, é quando os neurônios estão danificados.
Já a Dor Nociplástica ocorre, basicamente, devido alterações na transmissão nervosa das informações até o cérebro e do cérebro para o resto do corpo. É como se o organismo elaborasse uma resposta exagerada a um pequeno estímulo doloroso ou, até mesmo, um estímulo que normalmente não causaria dor. O exemplo clássico é a Fibromialgia, uma condição em que o paciente apresenta dor crônica muscular generalizada, mas sem evidências de inflamações ou lesões nos locais de dor.
Como tratar a Dor Crônica?
A dor crônica é consequência de uma série de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Portanto, as diretrizes recomendam uma abordagem multimodal e interdisciplinar personalizada para cada paciente. Tal abordagem pode incluir medicamentos, psicoterapia, tratamentos integrativos e até mesmo procedimentos invasivos, preconizando uma abordagem centrada no contexto biopsicossocial do indivíduo.
Uma abordagem multimodal deve incluir:
Autocuidado: perda de peso (se apropriado), estilo de vida saudável, prática de exercícios físicos, boa nutrição, boa qualidade de sono, parar de fumar e de consumir bebidas alcoólicas.
Psicoterapia: a abordagem mais comum para a dor crônica é a terapia cognitivo- comportamental (TCC), que envolve uma reestruturação de crenças pessoais, atitudes e comportamentos que contribuem para o aumento da carga da doença crônica no âmbito emocional.
Tratamento farmacológico: existem vários medicamentos disponíveis para o tratamento da dor crônica, que somente podem ser prescritos por médicos.
Tratamento cirúrgico: alguns casos de dor crônica podem se beneficiar com cirurgias.
Tratamentos integrativos: medicina associada a tratamentos complementares e integrativos, tais como Acupuntura, Quiropraxia, Aromaterapia, Massoterapia, Musicoterapia, Fisioterapia e TENS (uso de eletrodos que fornecem impulsos elétricos através da pele para aliviar a dor).
É importante ressaltar que a dor crônica não será curada com um simples medicamento. É necessário alinhar um foco durante o tratamento, sendo ele o controle da dor e a tentativa de retomar as atividades do dia a dia do paciente, para proporcionar uma melhor qualidade de vida. Fazer um “Diário da Dor” auxilia muito no tratamento. Anotar as atividades diariamente e realizar um controle da dor conforme exerce as funções rotineiras podem contribuir para sua melhoria.
A meta de uma “dor zero” é um tanto irreal, porém, cabe ao indivíduo pensar que suas condutas e decisões podem melhorar ou piorar o quadro dele. Se automedicar sem prescrição médica, consumir álcool, fumar ou usar drogas ilícitas, bem como manter uma alimentação desequilibrada e continuar sedentário podem ter impacto negativo no tratamento da dor crônica.
A abordagem dessa patologia deve ser individualizada. Portanto, é ideal que a pessoa com dor há mais de três meses procure ajuda de um médico que irá orientá-la e ajudá-la no manejo adequado da doença.
Dra. Taís Ribeiro Catai - CREMESP - 234885
02/08/2024
Informações valiosas e interessantes para quem sofre com dores crônicas